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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A espada: símbolo de heroísmo e pompa

Espada de Sancho IV de Castela, 1295
Espada de Sancho IV de Castela, 1295
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Hoje em dia a espada está completamente superada como arma de guerra, e nem pode entrar em cogitação a idéia de afiar uma espada para entrar em combate.


Atualmente ela não é arma de guerra nem para a agressão nem para a defesa. Pode-se dizer que está praticamente cancelada da lista dos armamentos modernos.

Entretanto, apesar desse fato, em todos os exércitos dos países civilizados os oficiais a trazem consigo nas ocasiões de grande solenidade.

Numa época em que o desaparecimento da espada como arma chega ao seu auge, como símbolo ela ainda é tal, que não se compreende um oficial sem a sua espada.

Por outro lado, em vários países existem Academias de Letras nas quais se usam fardões, e os acadêmicos, nas ocasiões de pompa, portam a espada.

No momento em que o literato chega ao auge de sua glória e é proclamado "imortal" -- da mais mortal das imortalidades -- não lhe dão uma grande pena para usá-la como simbólico adorno, pois ficaria uma tralha ridícula. Ele sente-se inibido se não tiver uma espada. De maneira que o literato envergando o fardão, usa a espada.

Até algum tempo atrás, ao fardão dos diplomatas era também incorporada a espada. Atualmente não sei se ainda a conservam.

Por que razão isso é assim?

Espada imperial de Baviera, Munich
Porque a espada ficou ligada a uma série de aspectos poéticos e heróicos, símbolos da cavalaria e da dignidade humana, que não se dissociam dela.

Espada de Carlos o Temerário, Schatzkammer, Palácio imperial de Viena
Por isso nela costumam estar presentes não só a beleza da forma, mas também a excelente qualidade do material utilizado em sua confecção, muitas vezes ornamentado com incrustações de metais nobres e pedras preciosas.

E quando seu detentor é possuidor de fé ardente e espírito sacral, não hesita em colocar uma relíquia do Santo de sua maior devoção no punho da mesma.

Na Antiguidade clássica, ainda não se construíra em torno da espada toda a legenda que, sobre ela, formou-se durante a Idade Média.

Esta fase histórica soube ver com profundidade a espada, sublimá-la e transformá-la no mais alto símbolo da dignidade humana.

Um rei para ser coroado usa sempre a espada.

Para tudo de elevado, de pompa que o igualitarismo moderno ainda deixou de elevado, usa-se a espada.

O que é mais bonito dizer: "Eu herdei de meu pai uma espada" ou "eu herdei de meu pai uma geladeira, um Cadillac ou uma indústria"?

Pode ser mais lucrativo herdar do pai uma indústria, porém há mais beleza em dizer:

Espada da coroação dos imperadores do Sacro Império, Palácio imperial de Viena, Hofburg
Espada da coroação dos imperadores do Sacro Império,
Palácio imperial de Viena, Hofburg
"Eu herdei de meu pai uma espada que, nos campos de batalha, defendeu a civilização cristã. Ele foi um herói e morreu na guerra. A espada que usava como militar, como combatente, ele me legou!"

Uma espada assim deveria ser guardada numa capela. Pois ela transformou-se numa relíquia.





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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Carisma sobrenatural da coroa de Santo Estevão, rei da Hungria

Coroa de Santo Estévão, rei da Hungria
Coroa de Santo Estevão, rei da Hungria
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Santo Estevão Confessor (967-1038) foi rei e apóstolo da Hungria.

Faleceu em 1038, no dia da Grande Senhora, denominação que os Húngaros dão a Nossa Senhora, em virtude de um edito do santo rei.

Foi pai de Santo Américo (1007-1031), príncipe modelo de pureza habitualmente representado portando couraça e um lírio na mão.

Os dois santos ‒ pai e filho ‒ foram canonizados pelo Papa São Gregório VII em 1083.

Santo Estevão foi o fundador da civilização cristã na Hungria e apóstolo do seu povo. Como guerreiro enfrentou os adversários da fé de espada na mão.

Pelo fato de ter usado a realeza para converter seu povo, ele recebeu do Papa Silvestre II o título de Rei Apostólico, que depois todos os reis da Hungria usaram, até o último.

O título da realeza apostólica importa acentuar. A monarquia húngara já preexistia à sua conversão. Mas, ele operando a conversão do povo húngaro, por assim dizer, fundou de novo o povo magiar.

Pode-se dizer também, que ele refundou a própria monarquia porque ela nasceu para uma nova vida no próprio ato de conversão.

Coroa de Santo Estevão, rei da Hungria
Coroa de Santo Estevão, rei da Hungria
O caráter de rei apostólico conferiu à dinastia uma vocação especial. E com esta vocação especial uma graça especial. E com esta graça especial uma aliança de Deus com a família real.

Ficou então na monarquia húngara algo de sagrado, como que um carisma, como que uma graça sobrenatural que a cerca, e que enche de respeito os povos.

A força desse carisma se nota muito na fidelidade dos húngaros à realeza e no prestígio da coroa usada por Santo Estevão.

Os húngaros cultuam essa coroa como uma verdadeira relíquia.

Quando vieram os comunistas, essa coroa ficou escondida. Os comunistas queriam ter a coroa, porque para os húngaros a detenção da coroa equivale, até certo ponto, à própria detenção do poder.

Por que esse prestígio e esse respeito a essa coroa?

É algo de carismático que cerca a coroa e que cerca a dinastia, que se continua e que é exatamente o fruto dessa aliança.

Coroa de Santo Estevão, rei da Hungria
Urna com a mão incorrupta de Santo Estevão
É uma infusão de graças na instituição ligada à infusão de graças na família. E que determina então a respeitabilidade sagrada de uma determinada ordem de coisas.

O que pedir a santo Estevão? Pedir-lhe, em última análise, o Reino de Maria. Porque o que ele fez foi um Reino de Maria na Hungria. Ele consagrou a Hungria à Grande Senhora.

Pedir mais do que isto: que a Providência nos dê uma multidão de Estevãos que, de fato, promovam o Reino de Maria.

Hoje, a coroa fica resguardada em magnífica urna de cristal no belíssimo prédio do Parlamento da Hungria, na capital Budapest.