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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

O rosto de Jesus Cristo impresso nas catedrais medievais

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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“Eu não posso me esquecer que uma das viagens que eu fiz a Paris, eu cheguei à noitinha. Jantei, e fui imediatamente ver a Catedral de Notre-Dame.

Era uma noite de verão, não extraordinariamente bonita, comum.

A Catedral estava iluminada, e o automóvel em que eu vinha passava da rive gauche para a ilha, e eu via a Catedral assim de lado, e numa focalização completamente fortuita.

Ela me pareceu desde logo, naquele ângulo tomado assim, se acaso existisse ‒ em algum sentido existe ‒ eu diria que é tomado ao acaso, eu olhei e achei tão belo que eu fiquei com vontade de dizer ao automóvel:

Veja vídeo
Vídeo: o rosto de Cristo
impresso nas catedrais medievais
“Pára, que eu quero ficar aqui! Eu sei que o resto é muito belo, mas eu creio que poucos olharam essa Catedral desse ângulo e pararam. E eu quero ser dos poucos, para dar a Nossa Senhora o louvor deste ponto de vista aqui, que os outros talvez não tenham louvado suficientemente.

“Ao menos se dirá que uma vez, um peregrino vindo de longe amou o que muitos outros, por pressa, por isso ou por não terem recebido uma graça especial naquele momento para aquilo, não chegaram a amar.”

E em todos os grandes monumentos da Cristandade, depois de admirar as maravilhas, eu tenho a tendência a ir admirando os pormenores, num ato de reparação, porque esses pormenores talvez não tenham sido amados como eles deveriam ser amados.

E então fazer ao menos isto: amar o que deveria ter sido amado e que foi esquecido. É sempre a nossa vocação de levar à tona as verdades esquecidas, que os homens põem de lado.

Eu fiquei encantado com a Catedral naquele ângulo.

Depois dei a volta, e voltei para o hotel com a alma cheia.

E se alguém naquele momento me lembrasse da palavra da Escritura:

“Eis a igreja de uma beleza perfeita, a alegria do mundo inteiro”, eu teria dito: “Oh! como está bem expresso! É bem o que eu sinto a respeito da Catedral.”

E aí, do fundo de nossas almas, do fundo de nossas inocências, sobe uma coisa que é luz, superluz, mas ao mesmo tempo é penumbra ou é obscuridade sem ser treva.

E é a idéia de todas as catedrais góticas do mundo, as que foram construídas, e as que não foram construídas, dando uma idéia de conjunto de Deus. Que, entretanto, ainda é infinitamente mais do que isso.

Aí o espírito que inspirou todas essas catedrais nos aparece.

E aí, realmente, mais nós vivemos no Céu do que na Terra.

E aí o nosso desejo de uma outra vida, de conhecer um Outro, tão interno em mim que é mais eu do que eu mesmo sou eu, mas tão superior a mim que eu não sou nem sequer um grão de poeira em comparação com Ele, esse meu desejo se realiza.

Eu digo: “Ah, eu compreendo, o Céu deve ser assim!”

Nós amamos ainda mais o puríssimo Espírito, eterno e invisível, que criou tudo aquilo, para dizer:

“Meu filho, Eu existo. Ame-me e compreenda: isto é semelhante a Mim.

“Mas, sobretudo, por mais belo que isto seja, Eu sou infinitamente dessemelhante disto, por uma forma de beleza tão quintessenciada e superior, que é só quando me vires que verdadeiramente te darás conta do que Eu sou.

“Vem, meu filho. Vem, que eu te espero!

“Luta por mais algum tempo, que Eu estou me preparando para te mostrar no Céu belezas ainda maiores, na proporção em que for grande e dura a tua luta.

“Espera que, quando estiveres pronto para veres aquilo que Eu tinha intenção de que visses quando Eu te criei.

“Meu filho, sou Eu a tua Catedral!

“A Catedral demasiadamente grande! A Catedral demasiadamente bela!

“A Catedral que fez florescer nos lábios da Virgem um sorriso como nenhuma jóia fez florescer, nenhuma rosa, e nem sequer nenhuma das meras criaturas que Ela conheceu.”

“Essa Catedral é Nosso Senhor Jesus Cristo.

“É o Coração de Jesus que tirou do Coração de Maria harmonias como nada tirou. Ali, tu o conhecerás.”

Ele disse dEle: “Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande”.

Vídeo: O rosto de Jesus Cristo impresso nas catedrais medievais



(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 13/10/79, excerto sem revisão do autor)

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quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A coroa de Carlos Magno: jóia adequada ao imperador arquetípico

Luis Dufaur
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Na ilustração vemos a coroa de Carlos Magno (742 – 814), o imperador cristão arquetípico.

Na placa frontal, destacam-se as incrustações de pedras preciosas em cabochon, que é a pedra natural, polida, mas sem lapidação.

As pedras incrustadas na coroa são desiguais e enormes; as placas de metal formam como que um quadro cada uma.

Sobressai o elo possante de um arco, que encima a preciosa jóia.

No ponto mais alto da placa frontal, uma cruz, significando que o princípio de unidade de tudo é o instrumento de suplício e de glória d’Aquele que é único – a Crux Domini Nostri Jesu Christi (a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo), aos pés da qual chorou Maria Santíssima.

Vendo a coroa de Carlos Magno, pode-se tentar fazer a recomposição da fisionomia para a qual o artista idealizou essa jóia, porque não se concebe essa coroa para um rosto banal.

Carlos Magno, modelo ideal de imperador católicoQuem a usa, ou possui a fisionomia de um Carlos Magno ou ela fica desproporcional.

Não sei como se sentiria um filho dele sob tal coroa. É uma jóia que desafia a fronte sobre a qual ela pousa.

Podemos conjeturar o grande imperador coroado, sua fisionomia radiante, seu rosto ostentando a barba branca e, segundo a legenda, florida.

Há um quadro (ilustração ao lado) do pintor alemão Albert Dürer (1471 – 1528), que bem representa essa idéia e a grande personalidade de Carlos Magno.



(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 26-10-1980. Sem revisão do autor. Apud “Catolicismo”, maio de 2009)


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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Cruz de Lorena: símbolo que os fiéis levantam no abandono geral de Cristo

Luis Dufaur
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Com relativa frequência os católicos veneram uma Cruz com duas traves. Trata-se da cruz patriarcal. Leva esse nome porque é usada pelos Patriarcas católicos desde o século XV.

Mas há também a chamada Cruz de Lorena. Esta é de todo análoga à patriarcal, mas tem uma história peculiar que começou nas Cruzadas. Eis a origem.

Jean II senhor de Chasteaux, no Anjou, governou seu feudo de 1200 a 1248. Em 1239, foi para a Cruzada acompanhando a Thibault IV duque de Champagne.

Na ilha de Creta, em agosto de 1241, recebeu de D. Thomas, bispo de Hiérapetra, um pedaço da Santa Cruz com forma de cruzeiro a duas traves.

De retorno a sua terra natal, o Anjou, Jean II vendeu a relíquia aos cistercienses da abadia de la Boissière. A abadia ficava perto do seu castelo pelo que era fácil ir venerá-la. Foi uma decisão difícil. Mais Jean II ficara muito endividado porque os nobres financiavam a Cruzada de seu próprio bolso.

Brasão com a Cruz de AnjouNo século XIII, a relíquia do Santo Lenho foi posta num relicário esplêndido. E ficou exposta numa capela votiva, ainda existente.

Durante a guerra dos Cem Anos, os monges confiaram a custódia da relíquia ao duque de Anjou, Luis I, cujo castelo ficava em Angers.

O duque era devoto do Santo Lenho. Ele erigiu uma confraria para melhor louvá-lo: a “Ordem da Cruz”.

Também fez bordar uma cruz dupla nas tapeçarias do Apocalipse executadas por Nicolas Bataille.

Durante a guerra dos Cem Anos, a relíquia foi e voltou diversas vezes entre o castelo e a abadia.

Ficou com os monges de modo definitivo em 1456. Nessa época já era reverenciada como a Cruz Dupla de Anjou.

castelo de AngersA relíquia foi preservada da fúria anti-cristã da Revolução Francesa, e está até hoje na capela des Incurables, no hospício de Baugé.

O duque de Anjou imortalizado com o nome do Bon roi René (1408-1480), tornou-se duque de Lorena casando com a princesa Isabelle, herdeira do ducado e levou a devoção pela Cruz de Anjou à Lorena.

Seu neto René II defendeu heroicamente a Lorena levando nas suas bandeiras a cruz dupla.

Após a vitória de Nancy em 5 de janeiro de 1477, René II gravou a cruz no seu escudo.


Ele foi imitado por seus súditos, notadamente pela cidade de Nancy.

Assim a Cruz de Anjou também tornou-se a Cruz de Lorena.

A segunda trave da Cruz, pelo geral menor e por vezes inclinada, representa o “titulus crucis”, a inscrição que Póncio Pilatos mandou colocar na Cruz do Redentor: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (INRI).

A cruz dupla foi também o primeiro emblema dos reis da Hungria desde o rei Bela III (1148-1196).

Acresce que a coroa da Hungria passou por casamento à casa de Anjou. Foi assim que Luis I (1342-1382) de Hungria e da casa de Anjou gravou a Cruz de Lorena em suas armas.

E Carlos-Roberto I, da mesma família, a fixou no escudo do reino. Da Hungria passou para a vizinha Eslováquia.

A Cruz de Lorena, na Hungria é associada ao título de Rei Apostólico que o Papa Silvestre II concedeu a Santo Estevão. 

O santo foi sagrado como primeiro rei do país, no Natal do ano 1000. A esposa de Santo Estevão também tem culto de Santa, assim como seu filho Santo Américo.

O atual escudo nacional da Hungria é basicamente o de Luís I de Anjou e Hungria. Ele ficou definitivamente estabelecido no tempo da imperatriz Maria Teresa da Áustria.

A Cruz de Lorena foi, além do mais, o insigne símbolo da Liga Católica. Esta coalizão impediu que a França ficasse calvinista nas Guerras de religião provocadas pelos protestantes. Os líderes da Liga pertenciam à família de Guise, dos duques de Lorena.

Cruz de Lorena, da resistênciaA Cruz de Lorena foi adotada pelos franceses inconformados com a dominação nazista de seu país durante a II Guerra Mundial.

Eles a consideraram como o mais apropriado símbolo da França contra a pagã cruz gamada.

Foi assim que a Cruz de Lorena ‒ de Anjou e Hungria ‒ passou a ser o símbolo das minorias fiéis que na hora do abandono geral levantam a Cruz de Cristo e iniciam uma epopéia de resistência saindo de um modo admirável do zero, atravessando inúmeras humilhações e problemas, até que a Providência, no fim, as premia com a vitória que de início se afigurava humanamente impossível.

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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Vitrais: jóias feitas de luz

Luis Dufaur
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No primeiro vitral que eu vi, eu tive a impressão que aquele mosaico de cores abria um buraco dentro da realidade material e conduzia meu olhar maravilhado para outra realidade que estava além do sensível.

O vitral me dava a impressão de que além da carapaça da matéria havia uma região aonde o maravilhoso se externava daquela maneira. O vitral, a bem dizer, é a porta dessa região.

Depois dessa porta há outra ordem de coisas. Está Deus. Aquele vitral é como que o cartão de visitas de Nosso Senhor, como que seu escudo heráldico.

O escudo heráldico não é a fotografia de um homem, mas é a descrição da mentalidade de uma família.

O vitral é a heráldica de Deus.

A luz criada por Deus penetrava no vitral e Deus como que dizia: "meu filho, sua alma dá para isso! sua vida existe para isso! tudo que está embaixo são coisas que na medida em que conduzem a isso estão bem".

Resultado: alguém que voltando-se de olhar para a igreja de Saint Michel visse um grupo de punks dando risada da basílica, fazendo cambalhotas, e querendo, por exemplo, jogar lixo ali dentro, a posição natural e imediata seria ...

Há uma proporção: quanto mais alto a alma subiu, mais essa reação seria definida. A reação é o termômetro exato do entusiasmo.

Esse estado de espírito maravilhado diante do primeiro vitral pode passar rápido demais em algumas almas.


Mas deixa uma recordação que se fixa para todo o sempre se a alma continua fiel. Ali ela se encontra a si mesma, há uma espécie de identidade dela consigo mesma.

Deus criou aquela pessoa para viver nesse estado de espírito. Ela então vive disso.

Na medida em que ela não vive para isso, ela não tem a fisionomia que Deus quis para ela. Ela não sabe qual é sua verdadeira fisonomia.

De ali vem todos esses vazios, tristezas e frustrações que andam por ai.

Plinio Corrêa de Oliveira, 3/1/82. Texto sem revisão do autor.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A espada de “El Cid Campeador”

Luis Dufaur
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A espada aqui representada é uma cópia feita em Toledo da espada do Cid.

A cópia tem elementos que não parecem autênticos, pois são pós-medievais.

Por exemplo o arabesco no começo da espada é claramente renascentista.

O fato não surpreende, porque antigamente para honrar as armas, as gerações posteriores embelezavam-nas.

O desconto feito, a espada simboliza perfeitamente o Cid.

Porque nela há uma nobilíssima despreocupação da estética.

Ela não é propriamente feia, mas ela é como é.

Ela simboliza bem como deve ser a resolução de alma do cavaleiro católico.

A espada possui uma inegável sobriedade.

Uma espada ornamental seria trabalhada até em baixo, teria por exemplo um figurinha mitológica, umas carinhas de anjinhos nas pontas.

Mas ela não tem nada disso. Ela é eminentemente sóbria.

Isso é próprio à alma do cavaleiro e indica a natureza de sua resolução.

Não é a resolução do fanfarrão, mas do homem lógico, que quer realizar a dever até o fim sem se mostrar.

Há um ornato simples como que monástico. É um símbolo inteiramente idôneo de um alto heroísmo.

Esse alto heroísmo só nasce em almas completamente plácidas, que não tem explosões, nem irregularidades, que são inteiramente tranqüilas mas que quando resolvem, o fazem de um modo inexorável: “o raciocínio me indicou que é assim e, portanto, eu farei porque eu tenho que fazer e agora vai”.

Essa placidez completa da alma forte é o corolário do heroísmo.




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